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Sobre o QDay Conference 2015 
   

Faltam 9 dias para a Conferência QDay 2015...

... e ontem, no primeiro QDay CountDown, já apresentámos a conferência QDay, as edições anteriores do evento, o tema do QDay 2015 – Inteligência Estratégica – e o objetivo para o qual queremos contribuir com as conclusões deste ano: evitar, durante muitos anos, novos resgates por credores internacionais.

Evitar novos resgates por credores internacionais

É a incursão mais política da conferência QDay, desde a sua primeira edição em 2009. Porém, coincidindo o QDay, este ano, com a campanha eleitoral para as legislativas e avizinhando-se as presidenciais, é a altura certa para lançar as questões fundamentais sobre o nosso futuro.

Inteligência Estratégica 
= Estratégia Económica + Smart Management

Subdividimos os quatro painéis do QDay 2015, de modo a que dois deles (o primeiro e o quarto) abordem o tema numa perspetiva mais nacional, sempre considerando Portugal no contexto europeu e mundial, e a que os dois restantes (o segundo e o terceiro) abordem o tema no contexto das organizações, empresas e instituições públicas.
A inteligência estratégica é o resultado de uma atuação ao nível das políticas macroeconómicas, que requer uma estratégia económica, e de uma atuação ao nível de cada organização ou empresas, que requer uma gestão inteligente.

Apresentações de QDays anteriores, que se mantêm atuais

Seis edições do QDay constituem um acervo considerável de excelentes apresentações e de experiências, sobre vários assuntos relevantes.
Por exemplo, sobre temas relacionados com inteligência estratégica tivemos já, em edições anteriores, intervenções de Jaime QuesadoAndré MagrinhoJoão Barbosa ou Jorge Sales Gomes.
Mas, de entre todas as boas apresentações que já tivemos no QDay sobre estratégia, revejam quão atual e, simultaneamente, ambiciosa e construtiva é a visão de José Torres em 2009.

Défice externo ou défice orçamental? Qual importa mais?

Em todos os QDay, a Quidgest não esconde também a sua opinião. Pode rever a nossa perspetiva desde À luz do plano tecnológico (2009) até Software: Serviços ou Indústria? (2014)
Em 2009, dez anos após a introdução do euro (ou 7 anos após a sua introdução física), a falta de visão estratégica do país ainda via apenas o défice orçamental como problema.
Só muito poucos se preocupavam com o défice externo. O qual, no entanto e alarmantemente, tinha variado, ao longo de toda a década, entre 8 e 10% do PIB. Isto é, tinham sido suficientes 10 anos para que as necessidades de financiamento do exterior se tivessem agravado (e já não eram diminutas) em quase 100% do PIB.

Ponto de viragem

Se, em 2009, tivemos de reforçar a enorme importância do défice comercial, face à sufocante preocupação com o défice orçamental, em 2012 tivemos de reconhecer um feito no QDay (subordinado, nesse ano, ao tema “A Rota das Exportações”): pela primeira vez desde 1943, 69 anos antes, o saldo da nossa balança comercial ia ser positivo.
Tal resultava de um enorme esforço imposto ao país. De uma contração brutal das importações, do consumo e do investimento, e do mérito, que voltaremos a relevar, das empresas portuguesas nos mercados internacionais.
No entanto, simultaneamente e com muita preocupação, assinalávamos a substituição, em Portugal, de soluções nacionais por produtos externos, na nossa área das tecnologias de informação e no setor público (que deveria ser o decisor mais consciente), com desvalorização das competências existentes, agravando a nossa dependência e limitando a nossa capacidade de exportar, por diminuição de referências.

Foi um ponto de viragem estrutural?

Se, ao assistir-se a um tímido crescimento económico, o défice externo se agrava substancialmente, tal significa que as verdadeiras reformas estruturais não se fizeram. Tal significa que a melhoria da balança comercial foi conjuntural e apenas pressionada pela política agressiva de austeridade. Tal significa, enfim, que não é esta a solução duradoura que temos de encontrar.

Atuar sobre os dois pratos da balança

Também não é suficiente pensar apenas em exportar mais, como debatido no último Expresso, mas não questionando os comportamentos relativos ao outro prato da balança comercial. O Futuro do Crescimento (título da conferência documentada no artigo) não passa só por aí.
Evitar, durante muitos anos, o recurso a novos resgates exige-nos uma capacidade acrescida de diminuir o peso das importações no produto nacional e, em particular, no investimento. O rácio entre o que importamos e o que produzimos tem que ser reduzido a metade. Temos que atuar sobre este rácio, não o podemos simplesmente extrapolar do passado.
E temos muitas evidências de que não temos trabalhado esta componente.

PIGS

A importância de um equilíbrio comercial, dentro de uma união económica como a União Europeia ou, por maioria de razão, como a Zona Euro, não é apenas económica. A perceção de que alguns países usaram a moeda comum para “viver acima das suas possibilidades” afetou gravemente os ratings da dívida soberana (tema do segundo QDay, em 2010), mas retirou-nos também prestígio e influência junto dos nossos pares.
Veremos noutra altura se tal perceção é merecida, mas a verdade é que nos “pomos a jeito”, quando provincianamente compramos os sistemas de informação e outros bens e serviços que poderíamos obter cá dentro.

Competitivos, mas ainda provincianos

Viajando pelo mundo, vemos que somos globalmente competitivos.
Porém, temos um défice de qualidade na decisão. Não tomamos sempre as decisões que mais nos valorizam, falta-nos maior inteligência económica.
Por isso, em todas as suas edições, esperamos que o Q-Day possa contribuir para melhorar a nossa capacidade coletiva de nos darmos valor.

E nos sistemas de informação?

Durante os últimos 12 anos, também à sombra do euro, os sistemas de informação externos engoliram a maior parte do investimento em tecnologias da informação, a maior parte das vezes de forma não concorrencial.
De tal modo que Portugal está, hoje em dia, refém de muito más soluções de gestão importadas, todas elas contribuindo ainda para a dependência tecnológica e para o endividamento externo.

Momento ideal para desfazer mitos

Ontem, foi o muito concorrido lançamento do livro de Mariana Trigo Pereira e Pedro Adão e Silva sobre mitos do estado social português.
Concordamos integralmente com a importância do Estado Social e gostávamos de partilhar do otimismo dos autores sobre a segurança da Segurança Social. Mas não sabemos como se pode dar essa segurança como garantida, sem garantir que somos capazes de criar valor e de voltar a atrair os nossos jovens emigrantes.
Neste sentido, o QDay estará mais focado na criação de valor do que na sua distribuição. Mas este lançamento é um excelente pretexto para inventariarmos alguns mitos que nos prejudicam, na criação de valor e de vantagens competitivas para a nossa economia.

Inventariar os mitos

Alguns dos mitos que teremos de desfazer, também com a ajuda dos participantes no QDay 2015:
  • as empresas portuguesas não são globalmente competitivas
  • precisamos que o investimento seja investimento direto estrangeiro
  • as PME competitivas portuguesas estão descapitalizadas
  • os empresários (e os trabalhadores) portugueses não têm competências suficientes
  • o equilíbrio externo pode ser atingido apenas exportando mais
  • é mais fácil exportar mais do que reduzir importações
  • a União Europeia não nos permite substituir importações
Estes mitos estão a fazer com que as propostas das políticas económicas dos partidos se revelem particularmente desajustadas para garantir um crescimento virtuoso.
Mas desmontar estes mitos é tema para uma obra de maior fôlego.

Opiniões recolhidas

Das amáveis opiniões que nos responderam ao primeiro QDay -10, selecionamos a de Hugo Cascais, CEO do nosso parceiro WerInteraction, que cita, muito a propósito dos objetivos do QDay, a afirmação de Donald Kagan “Se no tempo de Mozart era impossível ter músicos maus pois a maior parte da população que assistia aos concertos, tinha formação musical, também no auge da Democracia Ateniense era impossível ter maus políticos pois a maior parte dos cidadãos tomava parte nos processos de decisão e durante a sua vida ocupava pelo menos uma vez um cargo público. Por este motivo, quandos os políticos falavam para os cidadãos, tinham perante si uma plateia esclarecida sobre os assuntos públicos pelo que também eles, os políticos, tinham de ser competentes.”

Debate

Hoje, as nossas opiniões são menos neutras, pelo que esperamos que provoquem ainda mais debate. Faça-nos chegar a sua perspetiva.
 
Com os melhores cumprimentos
João Paulo Carvalho

 

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