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Sobre o QDay Conference 2015 

Mais emprego

Face aos avassaladores números do desemprego e da destruição de emprego, é normal (e até desejável) que a oposição (e, porque não, o governo) prometa uma via nova: mais emprego.

Porém, de que vale prometer emprego em Portugal sem saber demonstrar uma estratégia para a criação de valor em Portugal?

10 motivos pelos quais o cenário desejado não se concretiza

Não sendo necessariamente penosos ou difíceis de alterar, nomeadamente com recurso a tecnologias de informação, há vários motivos para que o discurso de criação de emprego seja inconsequente, sem que mudanças profundas sejam introduzidas.

Com efeito

1.     os discursos políticos e eleitorais debatem as consequências da má situação económica e a distribuição do valor, e não as causas e o processo de criação do valor;

2.     as políticas públicas são dirigidas pela gestão financeira (anual e orçamental) e não pela economia (plurianual e patrimonial), sem uma estratégia de criação (ou sequer de medição) de valor;

3.     o foco da política financeira tem sido cortar custos, não avaliar ou aumentar o retorno desses custos ou investimentos;

4.     os objetivos da gestão financeira pública têm consistido em financiar o défice, conseguir que os nossos parceiros aceitem o défice anual mais alto possível, aplicar “engenharia financeira” ou acompanhar a taxa a que nos financiamos, mas nunca anular estruturalmente o défice;

5.     as políticas públicas atuam apenas sobre os grandes agregados económicos, são preguiçosas;

6.     não foi ainda criada qualquer forma de evitar que, por mudar a sua residência fiscal, dentro da Europa, um cidadão ou uma empresa (ou o estado membro que os recebe) não cesse automaticamente de se responsabilizar por dívidas soberanas ou seus encargos;

7.     em Portugal, predomina o discurso miserabilista, de que somos um pequeno país, muito aberto ao exterior, com trabalhadores desqualificados, com empresários ignorantes, com empresas que não conseguem competir, que têm de se aliar aos grandes;

8.     atrás deste discurso, um conjunto de (até agora) maus decisores impede as empresas nacionais, que poderiam criar emprego, de ser suas fornecedoras e agravam a dependência tecnológica e o défice externo (além de lhes retirarem referências para a sua potencial expansão internacional);

9.     em Portugal, há regras que apenas prejudicam as empresas nacionais, que poderiam criar emprego;

10.                       apesar de alguns esforços pontuais, as políticas públicas e a gestão de instituições públicas não são sujeitas a suficiente escrutínio pela comunicação social.

A inteligência ecomómica tem muito pouco a ver com qualquer destas práticas. Mas as tecnologias de informação podem fazer bastante para as alterar. E criar um futuro mais risonho para todos.

Distribuir ou Criar Valor

Não vale a pena falar sistematicamente em distribuição de valor, se não soubermos como criar esse valor.

Note-se que O Capital do século XIX era uma teoria do valor com uma componente de distribuição e que O Capital no século XXI é uma mera teoria da distribuição.

As tecnologias da informação nacionais são uma fonte, quase inteiramente por explorar, de criação de valor. E estão aocmpanhadas, como se verá também no QDay, por um conjunto de outros setores de elevado dinamismo no mercado mundial.

Não avaliação patrimonial

A lógica orçamental que vem sendo seguida deverá estender-se a um modelo de medição e de acompanhamento económico e estratégico.

Vender um ativo apenas aparece, na lógica orçamental e anual, do lado das receitas. Não aparece, de todo, do lado da perda de rendimentos futuros.

Do mesmo modo, integrar um fundo de pensões só aparece do lado da entrada do fundo, não da saída estimada de pagamentos futuros aos pensionistas.

O uso de tecnologias de informação (e são as nacionais que, face ao contexto existente, mais próximas estão desta realidade) podem oferecer a desejada modelação económica e estratégica (neste caso, por exemplo, através, do Balanced Scorecard).

A supremacia dos cortes

A avaliação de projetos, a taxa interna de rendibilidade, o VAL, caíram em total desuso.

Apesar de as tecnologias de informação permitirem, agora, a instantaneidade do cálculo, ajustamentos progressivos e automáticos ao longo do tempo, simulações condicionais e paramétricas, cálculos de impactos diversos e tudo o mais que a avaliação de projetos ou de orçamentos requer, raramente tais ferramentas são usadas.

Mesmo que a redução dos custos provoque uma redução ainda maior do retorno, reduzem-se os custos. E isto, mesmo que estejamos apenas a falar de retorno e de custos económicos, medíveis em euros.

Políticas públicas preguiçosas

Longe vai o tempo da análise detalhada de variáveis e indicadores, por setores, por regiões, por programas, que hoje não caberiam numa apresentação de powerpoint.

As políticas atuais não se preocupam em distinguir detalhes, tratam tudo por igual (sem estratégia, nem inteligência económica): o bom e o mau investimento, o bom e o mau consumo, as boas e as más importações ou exportações.

Mas as tecnologias estão cá para dar suporte a análises mais exigentes.

Poucos graus de liberdade

Não é de agora, mas os modelos económicos sempre usaram muito poucas variáveis.

Sistemas de equações (econométricos) podem ser usados para modelar a realidade económica. Quando um sistema de equações tem poucas variáveis e muitas restrições, as suas condições são muito raramente satisfeitas. Nestas condições, os sistemas são frequentemente, impossíveis.

O mesmo acontece com a economia. E, quem acompanha as intervenções de Medina Carreira, reconhece os impasses a que as suas conclusões invariavelmente chegam.

Porém sistemas de informação mais desenvolvidos, com mais variáveis, que instrumentalizem os coeficentes atualmente dados como fixos (por exemplo, importações requeridas para garantir um nível de investimento) trazem consigo mais graus de liberdade e cenários económicos mais otimistas.

Os sistemas de informação são muito mais capazes, mas as políticas económicas (ao contrário da gestão empresarial) raramente aproveitam esta capacidade.

Seguir a tendência central ou os outliers

Se queremos mudar um pouco o estado das coisas, seguir a tendência central não é a melhor opção. Os sistemas de informação conseguem detetar e explorar as razões dos maiores êxitos (e dos maiores fracassos), usando rotinas de process mining e de data mining.

A gestão já prefere identificar as situações disruptivas a manter tudo na mesma. Mas as políticas económicas ainda estão longe de o fazer.

Medir o impacto económico das decisões, em tempo real

As tecnologias de informação podem também fazer muito mais, neste contexto. E medir o impacto económico das decisões económicas, em tempo real.

Ao mesmo tempo que se podem acompanhar os indicadores mais estratégicos para o nosso desenvolvimento, incluindo o grau de incorporação nacional das nossas exportações, ou a taxa de incorporação nacional dos investimentos feito através do SAMA (sistema de incentivos à modernização do estado). Ambos, muito provavelmente, serão dramaticamente mais baixos do que o esperado e necessário para atingirmos o objetivo estratégico proposto pelo QDay.

Basta colocar as questões certas. Provavelmente, a informação que nos permite responder a essas questões já está a ser recolhida, embora não seja tratada.

O que esperamos de si no QDay

A todos os oradores, moderadores e participantes no QDay se pede que usem as suas experiências (quer negativas, quer positivas), e as suas ideias para podermos concretizar o objetivo estratégico de evitar que Portugal precise de novos resgates por credores internacionais durante os próximos 30 anos.

Ou que, não concordando com este objetivo, formulem e apresentem um objetivo estratégico alternativo.

Agenda fechada

A Agenda do QDay 2015 é uma agenda imperdível.

Todos os painéis são muito fortes e prometem um excelente debate.

Para a comunicação social, estamos certos que o QDay vai ser o evento “eleitoral” a cobrir na próxima quinta feira.

Para todos os participantes, é provável que o QDay venha a ser o único evento, em toda a campanha eleitoral, a tentar definir um compromisso global para o país: o de evitar que Portugal volte a ser resgatado por credores internacionais nos próximos 30 anos.

WhatsApp

A partir de amanhã, dia 22, todos os inscritos no QDay que nos tenham comunicado o seu telemóvel vão poder participar no debate através do grupo QDay2015 no WhatsApp. Todos os outros meios de comunicação com a Quidgest continuarão a estar disponíveis. Mas, se quiser participar mais ativamente, faça-nos chegar o seu telemóvel. Não o usaremos para qualquer outro fim.

Com os melhores cumprimentos

João Paulo Carvalho


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