6 dias para o QDay 2015
Está à porta o último fim de semana antes do QDay.
Com ele, chegam as mais recentes sondagens. Porém, para o país, pode ser bem menos importante o partido que ganhe as eleições do que a qualidade das estratégias formuladas e debatidas durante o processo eleitoral.
Uma via que não queremos
“If you buy things you don't need, you will soon sell things you need”, é uma das máximas de Warren Buffett.
Foi a comprar o que não precisava aos nossos parceiros europeus, que Portugal entrou, e como membro fundador, para o grupo dos PIGS.
É esta via PIGS que não queremos, mas temos que contar com a inércia, com a dificuldade de mudança, com as dinâmicas sociais e económicas que essa via criou. Daí, a necessidade de uma estratégia forte e consciente em sentido contrário.
Défices comerciais elevados aumentam o poder dos importadores
À medida que os défices comerciais se vão acumulando, uma parte crescente da economia fica dependente ou beneficia desse défice.
Os importadores ganham influência e peso económico. A preponderância dos importadores cria uma rede de interesses e uma cultura económica que desvaloriza e estigmatiza tudo o que é nacional, acusando de protecionismo todas as preocupações com as distorções da concorrência que favorecem os produtos importados face aos produzidos localmente.
Mitos sobre o protecionismo
Contrariamente aos mitos existentes, a União Europeia aceita incentivos à substituição de importações, mas não pode conviver com défices comerciais continuados.
Com efeito, o Regulamento 1407/2013 da Comissão, na alínea e) do seu artigo 1, isenta de limites às ajudas dos estados membros os “auxílios subordinados à utilização de produtos nacionais em detrimento de produtos importados”.
Ao invés, o que destrói as bases de uma união económica, como a União Europeia é um ciclo vicioso que
- numa primeira fase, cria grandes desequilíbrios comerciais;
- numa segunda fase, transforma esses desequilíbrios comerciais em condições de financiamento muito agravadas;
- e, numa terceira fase, leva os credores a impor programas de austeridade que destroem valor, aumentam desemprego, promovem a migração de jovens na idade mais produtiva e retiram competitividade aos países intervencionados.
E é um ciclo de destruição que se reproduz, agravando o desequilíbrio.
Não são as nações exportadores que fazem um mau trabalho
Na origem de todo este processo não está o esforço comercial e a capacidade de produção das nações exportadoras, mas sim a reduzida inteligência económica e competitiva das nações importadoras, que preferem imitar, copiar ou comprar a criar, inovar e produzir.
Para quebrar este ciclo, é preciso atuar sobre os coeficientes do modelo económico, em particular sobre o rácio [acréscimo de importações / acréscimo de produto].
Mas é perfeitamente possível mudar, se o modelo de decisão for alterado.
Afinal, não deveria ser muito mais fácil atuar sobre algo que Portugal domina (as suas importações) do que sobre algo que Portugal não domina (as decisões que fizeram aumentar as nossas exportações)? E a realidade é que conseguimos aumentar consideravelmente as nossas exportações nos últimos anos.
Protecionismo? Basta-nos igualdade de tratamento
Ao longo dos 27 anos de existência da Quidgest, em dezenas de situações, de empresas e de instituições públicas a que se pedia maior responsabilidade, as soluções de software nacional foram afastadas de forma não concorrencial.
A aversão ao risco, o desconhecimento, a obtenção de benefícios ilegítimos, a falta de escrutínio pela comunicação social e pela opinião pública fazem com que estas decisões economicamente ilógicas tenham um peso em Portugal que não têm noutros países da Europa.
O QDay é o nosso modesto contributo para juntar pessoas que se preocupam com este padrão de comportamento (o qual ameaça o nosso futuro) e que revelam muitas outras experiências, quer negativas (de acréscimo de dependência), quer positivas (de concretizações bem sucedidas da tecnologia nacional).
O QDay é uma forma de darmos mais valor ao que temos
Com o QDay, pretendemos aproximar o Portugal empreendedor, que faz (e que é capaz de fazer mais), do Portugal que opina e decide (e que muitas vezes descrê).
A produção portuguesa é frequentemente apresentada como débil, como não competitiva, como inevitavelmente dependente de um acréscimo de importações. E, pelo menos no setor das Tecnologias de Informação, nada é menos verdadeiro.
Bons Exemplos: os Prémios Co-Inovação
Nos últimos QDay e também no QDay 2015, no próximo dia 24 de setembro, vamos atribuir os prémios de Co-Inovação ou de Inovação Aberta, que são bons exemplos do que se consegue fazer de diferente em Portugal quando os objetivos dos decisores procuram a competência da oferta nacional.
Criar Valor na Sociedade da Informação
A posição dos países na Sociedade da Informação não depende do consumo de telemóveis ou de sítios da Internet (apesar de apenas isso parecer merecer ser inquirido pelo INE).
Na Sociedade da Informação, não queremos ser meros consumidores de bens de informação. Queremos ser produtores, queremos criar soluções próprias, queremos ser reconhecidos pelas nossas competências, queremos participar na revolução tecnológica do nosso tempo.
Criar valor na sociedade da informação é dar oportunidades de negócio a quem tem valor e é criativo. E inovação e criatividade não faltam em Portugal. Lembram-se do excecional vídeo de Natal da Excentric (o seu CEO Miguel Figueiredo foi orador no QDay 2011)?
Contribuir para um modelo de decisão coletivo que crie valor na Sociedade da Informação
A Quidgest considera que um dos principais problemas nacionais é a (deficiente) qualidade da decisão. Na ausência de barreiras (moeda própria ou políticas agressivas de austeridade), decidimos demasiadas vezes mal e hipotecamos o nosso futuro.
Faz-nos falta um modelo de decisão coletivo, no qual
- os decisores valorizem as competências nacionais e o que é feito em Portugal
- a Administração Pública deixe de desconfiar e suporte as empresas (e vice-versa)
- o mérito e a inovação sejam reconhecidos e acarinhados através da criação de oportunidades
- os consensos a este respeito sejam alargados e perdurem para além dos ciclos políticos
Prémio Decidir Melhor (segunda edição)
Por isso e porque pensa que, com esta iniciativa, pode contribuir para um aperfeiçoamento global das decisões, a Quidgest vai lançar, no encerramento do QDay 2015, a segunda edição do Prémio Decidir Melhor.
O objetivo é premiar as 3 melhores obras (teses, outros trabalhos académicos, livros, artigos jornalísticos ou conjuntos de intervenções) sobre o modelo de decisão em Portugal.
Em 2014, na primeira edição, o primeiro prémio foi atribuído ao livro de Fernando Cardoso de Sousa e de Ileana Pardal Monteiro “Colaborar para Inovar - A inovação organizacional e social como resultado do processo de decisão”
Como se tomam decisões?
Quem são os decisores? Como pensam os decisores? Quem ouvem os decisores? Os decisores têm consciência dos impactos das suas decisões? Que riscos assumem? Que oportunidades dão à inovação?
Sobre o quê se decide?
Quem formula as questões sujeitas a decisão? Como se criam as agendas de decisão? Quando se dá uma questão por decidida? Porque há questões que ficam definitivamente decididas enquanto outras renascem ciclicamente?
Como se chega a decisor?
Escolhem, os jovens, carreiras ligadas à decisão, em detrimento de carreiras ligadas à criação e à produção? São aquelas carreiras mais compensadoras que estas? O que se ensina aos futuros decisores?
Como se avaliam as decisões?
Existe uma avaliação da qualidade de decisão, feita pelos outros decisores (avaliação pelos pares)? Como se premeiam as boas decisões? Porque se repetem más decisões? As decisões devem ser centralizadas ou distribuídas? A que escrutínios estão sujeitos os decisores?
Como se enquadram as decisões?
Os decisores alinham-se com estratégias e planos nacionais de desenvolvimento? Como se alteram as decisões, face a conjunturas económicas? Como se passa da decisão individual a modelos de decisão, em torno de valores e objetivos comuns?
Que técnicas suportam as decisões?
Que utilização é dada a técnicas e sistemas de apoio à decisão? O que se mede, melhora? De que forma as tecnologias facilitam ou dificultam as boas práticas de decisão? Como se previne o “schlimmbesserung” (melhorar para pior)?
Bom fim de semana
Enquanto pensa (quem sabe?) em como apresentar as suas ideias a concurso, no âmbito do prémio Decidir Melhor, aproveite o melhor possível o fim de semana.
Da nossa parte, prometemos um QDay CountDown mais leve.
Com os melhores cumprimentos
João Paulo Carvalho
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